O dia clareava e o sol se erguia com furor, para Maria o dia seria longo, afinal aquele era o seu último dia como Maria da Rocha, no dia seguinte por volta das cinco da tarde ela se tornaria Maria de Alencar, a esposa do senhor Ricardo de Alencar, um dos melhores partidos de Santa Clara, o homem, apesar de jovem, era dono de uma boa fazenda no interior da cidade, e por milagre divino havia escolhido ela para casar.
A mulher passou a manhã revendo a lista de convidados, e cada vez que via o nome de uma família importante vibrava de alegria e entusiasmo, como se aquilo fosse um beliscão que lhe dizia que tudo não era só um sonho.
Enquanto isso, o homem, após um telefonema, sorrateiramente, deixa um de seus apartamentos do centro da cidade, e dentro de seu Mitsubishi 4X4 preto segue para a fazenda por um caminho que seguia fora da estrada, afim de que ninguém visse para onde ia.
No início da tarde, Maria recebera o vestido e correu para experimentá-lo. A mãe de Maria era a imagem da pura alegria e se apressava em ver os detalhes para que não ficasse faltando nada no grande dia.
Ricardo chegou à fazenda, e o sol já estava alto, ele estacionou o carro no gramado logo depois da entrada e começou a correr em direção ao aglomerado de quitinetes, onde moravam os empregados. O caminho pareceu mais longo que o de costume. Quando finalmente chegou á uma das casas, abriu a porta sem bater, encontrou Eliana, sentada á uma mesa de madeira e em meio a prantos desesperados. O fazendeiro tentou acalma-la. Em vão. Ela em meio ao choro e soluços, falou o mais firme que pode:
_ Se você se casar eu vou embora e tiro o seu filho de dentro de mim.
Ricardo ficou estático, não conseguia imaginar o que dizer ou o que pensar, e nem conseguia acreditar que tudo aquilo era verdade. No fundo sabia que amava Eliana e que queria seu filho, mas também sabia que para sua família o certo e devido era casar-se com a moça de boa família e casta. Ele voltou a si, e viu novamente Eliana, ali sentada chorando desesperadamente e sentiu uma dor no peito como se um punhal o tivesse atravessado. Então como que por um impulso, ele se virou e saiu batendo a porta de modo que o barulho foi ouvido até pelos vizinhos.
Ricardo voltou para a cidade em alta velocidade, mas dessa vez pela estrada. Ele queria chegar rápido, não importava como. No fim da tarde, chegou á casa de Maria e com desespero se pôs a bater na porta.
Maria despertou do devaneio em que estava devido ao barulho alto e constante na porta, então se levantou e foi abrir, se surpreendeu em ver Ricardo e mesmo percebendo que a feição dele não era das melhores, deu um sorriso e disse:
_ Amor não esperava você aqui hoje.
E ele sem respirar, disparou a falar uma sucessão de fatos, que para Maria não fazia nenhum sentido, até que ela ouviu:
_ ... E eu amo Eliana e ela espera um filho meu e não posso me casar com você assim, estaria enganando nós dois. Desculpa-me Maria, mas na verdade eu não te amo. Cancele o casamento, fique com o apartamento ou não sei, a única coisa que eu sei agora é que você merece alguém que te ame de verdade.
Maria parou de sentir o chão sob seus pés, e teve a sensação de que seu corpo estava se esvaindo aos poucos, cada palavra que ele dizia machucava como um tiro e a dor fora tamanha que fez a voz quase acabar, ela com um sussurro só conseguiu dizer:
_ Mas eu te amo.
Mas era tarde, Ricardo não ouviu, ele já havia virado as costas e ido em direção ao seu carro.
A mãe de Maria que estava nos fundos da casa ouvira tudo e não conseguira fazer nada, ficou lá parada observando sem conseguir ou poder dizer uma palavra se quer.
Maria agora abandonada, sozinha, sem chão, pôs a chorar, ela agora estava envergonhada e sem rumo. A mulher foi até o seu quarto e colocou o seu vestido de noiva, se olhou no espelho e relembrou tudo que ouvira há alguns instantes antes, em seguida foi até o quarto de seus pais e em cima do armário encontrou a arma do pai que ficava ali, e entre lágrimas e sem nenhuma palavra deu um tiro na própria cabeça. O sangue, ainda quente, descia e tornava o alvo, rubro. A mãe quando ouviu o barulho despertou e voltou à realidade, correu para ver o que a filha havia feito e a encontrou caída no chão do aposento, tarde de mais, Maria estava morta. A mãe dela, sem saber o que fazer se pôs a gritar com toda a força que tinha e com todo ar que tinha nos pulmões.
Ricardo a essa hora já estava longe dali, havia voltado para a fazenda. O homem se encontrava inconsolável, chorava e gritava como uma criança assustada. Quando retornou a casa de Eliana e abriu a porta para dar a boa nova, ele a encontrou caída no chão da cozinha ao lado de uma garrafa de pesticida para horta.
Eliana quando o viu sair daquela maneira teve certeza que tinha sido abandonada e sabia que ele não voltaria mais, sem pensar duas vezes ela foi até um pequeno almoxarifado de pesticidas e venenos, pegou uma garrafa e tomou. Foi fatal, para ela e para o feto.
O fazendeiro não sabia mais o que fazer ou o que pensar, e começou a correr pela fazenda, como se quisesse fugir para um lugar onde nada daquilo estava acontecendo, até que ele chegou ao rio que cortava ao meio o lugar, o rio era fundo, cheio de pedras, de água turva e a correnteza era forte. Ricardo só conseguia pensar que havia acabado com a vida de Maria e que havia matado Eliana, foi tomado pela culpa e movido por ela se jogou no rio sem hesitar.
4 Análises:
Olha quem voltou!!!! Parabéns pela postagem minha linda!
Que bom ter você aqui novamente,já estva sentindo muito sua falta!!
Beijos!!!!
Estou quase como Maria,
é horrível se sentir abandonada.
Triste estória, porém muito bela.
Beijos, moça :*
caraca, desapareceu vc ein!
oO
puxa, puxa, mas que puxa...
q desgraça a vida destes três, hein!!!!
e eu não resistir e kis ler cada vez mais...
sabe q eu tava até torcendo pra pobre da eliana...
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