Confissões em um Divã

O verdadeiro esconderijo de meus devaneios

5:52 PM

Não é.

Mais um devaneio de Thaise de Melo |

Eu sinto falta do que nunca vi, do que nunca vivi, do que nunca senti. Sinto o cheiro de algo que não existe, que ainda não foi inventado, que ainda não pensei, nem imaginei. Meu coração bate em desespero por algo que não é, que não respira, que não surge, nem some. Sinto a ausência do que quero e não existe. Ou do que existe e eu não aceito. É sem importância.

O cotidiano atormenta, a incessante reprise da mesma cena enjoada, a falta de cansaço ou excesso dele, as mesmas melancolias dramáticas e insossas. Semana passada havia cor no horizonte, hoje o passado é preto e branco. E ainda vale a pena. Ou será que tudo não é colóquio sonolento para acalentar o bovino, e será que tudo não passa de um nada sem importância, que logo se esvairá em lembranças de pequenos flashes dos momentos de sorrisos dados sem motivo ou com algum? E ainda vale a pena?

Já não é nítido se há motivo para continuar ou não. Mas há temor. E o temor vale como motivo? De que adiante ter o que não ser quer nas mãos? E adianta ter nada nelas? E quando o que se quer não há?

Perguntas que não fazem nexo. Perguntas que não deveriam ser feitas. E que só para o simples, desgostoso e tentador auto-tormento repito incessantemente a cada noite de insônia. Só pra ter o prazer - meio mórbido, admito – de ouvir a alma gritar e explodir em letras e palavras e textos e histórias que nunca deveriam ter existido, que nunca deveriam ser contados, que deveriam continuar em segredo escondidos dentro de um baú velho e empoeirado em um canto escuro qualquer. Mas faço a questão de lançá-los a luz só para o prazer egoísta de tornar real – mesmo que por pouco tempo – o que eu quero e desejo, aquilo que não existe, aquilo que nunca foi. E depois, com algum pesar, talvez, vê-lo novamente esmorecer e sumir, para que eu novamente possa fazer-lhe ser.

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- Você entendeu?

Beijooos!

9:27 PM

Hoje, tanto faz...

Mais um devaneio de Thaise de Melo |

Hoje eu nada quero... Passaria bem essas próximas horas com meus pobres vícios: Uma xícara de café bem quente, bem forte e meio amargo e ao lado um cigarro, bem aceso, bem fraco e meio doce. Talvez um amigo que compartilhasse os vícios e o silêncio, ou uma boa música qualquer. Tanto faz.

Hoje passaria bem sem ouvir ninguém além de minha alma. Sem fazer nada, além de transcrevê-la, entendê-la e no final da tarde abandoná-la em um canto qualquer dentro de mim.
Esse hoje poderia passar em branco, indiferente, sem nada. Hoje, isso não teria importância. Quem me abrigaria a fazer de cada momento algo memorável, quando o ato de não fazer nada também é uma ação? Quem disse que para um segundo ser importante é necessário acontecer algo durante ele?

Hoje eu nada quero... Esse hoje é importante, mas sou indiferente a ele. Triste isso, não? Não. Fazer nada também é uma ação.Hoje, minha alma reclama sinceridade de mim e conflitos internos, pede por novas paixões e alguma loucura, diz que deseja gritar, nem que seja por uma pouca coisa sem nexo, implora pelo novo, que nunca surpreende, por uma velha novidade qualquer.

Hoje, o tempo passa disforme, inconstante, tal como eu... Mas hoje, a isso, não farei menção, porque hoje tudo é indiferente, porque, hoje, eu nada quero.


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Há tempos não postava algo assim,
acho que o blog tá voltando pros eixos,
apesar de não haver uma diretriz certa pra ele,
afinal, em um divã se diz o que vem na mente,
meus verdadeiros devaneios não andavam mais por aqui...
Beijos!