No último final de semana eu viajei para Saquarema, para o chalé de uma amiga da minha mãe. Já fazia oito anos que eu não ia aquele lugar. O chalé fica distante da praia uns 20 metros. Eu já tinha me esquecido como era ficar tão perto do mar. Voltei daquele lugar com a cabeça pensando sobre eu e o mundo e sobre o mundo.
Domingo (meu aniversário, diga-se de passagem) durante a tarde resolvi sair para andar, acabei indo andar na areia da praia, e ás vezes chegava perto do mar para sentir a água nos pés. O dia estava com o céu das 4 da tarde limpo, mas com um vento gelado, a água do mar estava quente e a praia só não era vazia completamente por conta de uma ou outra pessoa que passava se exercitando, em resumo a praia estava perfeita, ao menos para mim, praia só é boa no inverno ou às 6 da manhã no verão. Pois bem, eu fique andando pela praia ouvindo algumas mpb’s no celular e pensando como era bom sentir a areia fina e fria nos pés, no primeiro momento que coloquei o pé naquela areia me veio de súbito uma emoção que meus olhos se encheram de água. Conforme eu andava alternava o olhar entre a areia, o céu, a estrada e o mar, e cada vez que eu olhava o mar me surpreendia como se fosse a primeira vez que via aquelas ondas, aquela espuma, aquele azul, aquela linha onde ele parece tocar o céu e se torna infinito. Então comecei a pensar sobre como aquelas horas estavam sendo perfeitas para mim, até mais perfeitas do que se estivesse calor, a praia cheia de um monte de gente falando e bebendo, àquelas horas estavam sendo perfeitas porque eram apenas eu e a natureza, lembrei o quanto a natureza me faz bem, e o quanto eu preciso estar perto dela, lembrei que quando eu tinha uns 8 ou 9 anos eu pedia licença ao mar para entrar nele, como se o mar fosse vivo, como em sinal de respeito a tudo aquilo que era tão superior a mim. E lembrei, então, que era o meu aniversário, que eu estava crescendo, e fiquei com medo de crescer e esquecer essa necessidade, como eu quase tinha feito, de esquecer que eu fico triste quando passo muito tempo longe da natureza pura, de esquecer a importância e a simplicidade e a perfeição de tudo aquilo, de crescer e me atolar com todas as minhas responsabilidades e desejos e nunca mais largar tudo em casa para ir andar descalço na areia da praia em uma tarde de inverno. Senti meu coração ficar pequenininho de medo, mas então uma onda do mar, um pouco maior do que as outras, molhou meus pés e eu olhei para o mar e foi como se ele dissesse “eu sempre vou estar aqui” e então eu percebi que só iria depender de mim.